segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Futebol

Futebol brasileiro para estrangeiro ver
Em tempos em que a Seleção Brasileira pouco se apresenta, resta apreciar nossos craques apenas pela televisão
Bruno Pimenta
Foi-se o tempo em que a Seleção Brasileira era formada por 11 jogadores "nacionais". Em 1970, o Brasil foi campeão mundial com todos os titulares, jogando dentro do País. Em 2002, a equipe, comandada por Luiz Felipe Scolari, ganhou o mundial com oito titulares "estrangeiros".
Hoje, sinônimo de bom futebol brasileiro está na Itália, na Inglaterra, na Espanha e na Alemanha.
Não que isso seja um problema. Até porque, a Seleção Brasileira reúne os melhores jogadores, independentemente se eles estão ou não atuando no Brasil. Mas a questão vai além disso. Por quais motivos os melhores atletas vão atuar em outros mercados? E para o campeonato nacional, isso é benéfico?
Segundo o diretor do Departamento de Registros da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Luiz Gustavo Vieira de Castro, em entrevista ao site www.globoesporte.com, entre o período de 1º de janeiro e 31 de agosto, data em que se encerrou o mercado de transferências internacionais, o Brasil exportou 981 jogadores. Número que supera o total do ano passado, quando 915 atletas foram negociados para os gramados de outros países.
Em um lugar onde dizem ser o "País do futebol", é de se esperar jogadores mais qualificados. Mas também, maior concorrência por oportunidades de se fazer sucesso. Num primeiro momento, estão arrumando as malas para algum clube estrangeiro. E cada vez mais cedo. É o caso dos gêmeos do Fluminense, Rafael e Fábio. Eles têm 17 anos e já firmaram acordo com o Manchester United, da Inglaterra. Outro que foi precocemente, é o jovem Alexandre Pato, de recém-completados 18 anos. O ex-jogador do Internacional, já assinou contrato com o Milan, da Itália. O clube rossonero possui em seu elenco outros sete jogadores brasileiros.
Se no próprio Campeonato Brasileiro a concorrência é grande, na Seleção Brasileira, a disputa é ainda maior. Muitos atletas sabem que a briga por um lugar na equipe verde-amarela é difícil, por isso acabam adquirindo dupla nacionalidade para atuar por outra seleção. É o que o jogador Deco fez. Ignorado no Corinthians-AL, ele acabou se transferindo para o Porto, de Portugal, em 1997. Naturalizou-se e hoje defende a seleção portuguesa. Lá, ele encontrou um antigo companheiro, Pepe, zagueiro do Real Madrid, da Espanha. Ele também é brasileiro e atuou com Deco no mesmo Corinthians de Alagoas.
Entretanto, nem tudo é um mar de flores para quem sai. Muitos acabam encontrando obstáculos e fracassam. Foi o que aconteceu com Marcelinho Carioca. O ex-ídolo do Corinthians tentou várias vezes construir carreira fora do País. Todas as vezes, sem sucesso. Atuou na Espanha, na França e no Japão. Seu maior fracasso foi a passagem pelo Al-Nassr, da Arábia Saudita. Além de não receber parte dos salários, teve o passaporte confiscado pelo clube.
Além da fama e do sucesso, muitos buscam dinheiro. Como é de domínio público, a situação socioeconômica do brasileiro não é das melhores. A maioria dos jogadores é de origem humilde. Portanto, se aparecer uma proposta, logo o atleta está partindo.Para a Seleção Brasileira, pouco importa se o jogador está ou não atuando por aqui.
Para o campeonato nacional, é prejudicial. Afeta muita coisa. Um campeonato com jogadores de menor nível atrai menos público. Com menos público, os clubes ganham menos dinheiro e acabam devendo para os atletas, que querem receber em dia e acabam indo para fora do País. Torna-se um ciclo vicioso.